O pequeno Charlie caminhava despreocupadamente pelas ruas de Hogsmeade, afinal de contas, ele estava acompanhado daquela que, praticamente, era a sua mãe - Kitty a babá mais que perfeita. A criança estava a saltitar, suas mãos iam cerradas nas da elfa doméstica franzina e dedicada. - '
Telo' sorvete Kitty, 'sovete' - passeios em Hogsmeade era sinônimo de doces, logros e tudo que mais trazia alegria e cor em sua vida.
Ele vestia uma camiseta amarelo-sol, macacão azul bebê e um pequeno par de tênis do tipo "iate" xadrez, branco e preto. Com seus grandes olhos esbugalhados, Kitty dava conta de todo e qualquer movimento e de tempos em tempos parava de chofre e o olhava com um sorriso, Charlie não entendia bem o porquê daquilo. Talvez tivesse medo de perdê-lo e com razão fazia aquilo, pois para perdê-lo não era preciso muito. Bastava um piscar de olhos e puff! Se ele não fosse jovem demais, poderia se dizer que ele aparatava, tamanha era a agilidade com que conseguia se evadir.
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'Binquedo' Kitty, 'binquedo' - o pequeno parou e começou a puxar a barra do vestido da elfa, com a mãozinha que tava livre, quase que rasgando as vestimentas desta, ao avistar a loja de travessuras. Com toda a pequena força que dispunha, começou a puxar Kitty, euforicamente, em direção à loja. -
Calma, Charlie. Você não queria sorvete? Tá bom... aí vamos nós - Kitty não gostava quando o pequeno ganhava as brincadeiras oferecidas pela loja, porque sempre sobrava para ela, limpar, se desculpar, além do fato de considerar que ele não precisava de nada daquilo para aprontar suas traquinagens.
Pelo visto, de nada adiantara dissuadi-lo com a sua guloseima favorita. Charlie estava obstinado a entrar na loja, ela precisaria de todo o jogo de cintura para fazê-lo não querer levar a loja inteira. A sinetinha tilintou quando ambos entraram, Charlie já sacudia freneticamente a mãozinha, para que Kitty o soltasse e assim ela procedeu.
Charlie saiu correndo pela loja pegando vários itens, dos quais nem sabia para que serviam. Um grupo de crianças, da idade das que vão para Hogwarts chamou atenção do pequeno, pelo que tinham na mão. Ele não sabia identificar direito, mas parecia ser um caramelo. Um deles percebeu o interesse repentino de Charlie -
Ei garotinho, quer um doce? - abafando os próprios risos e cutucando os colegas para que fizessem o mesmo. Com inocência, Charlie se aproximou com um grande sorriso e de mãozinhas estendidas. O doce já estava quase entrando na boca do garoto -
Nãããããooo! - um guincho agudo e estridente o assustou. No instante seguinte, Kitty havia tomado o caramelo da mão de Charlie e fitava os garotos com um olhar sombrio, o qual Charlie nunca havia presenciado antes.